Ex-ministro afirma que ações de repressão promovidas pela gestão Doria na Cracolândia não são a solução
Vannuchi repete frase de Drauzio Varella: ‘Cracolândia não é a causa, é consequência da miséria’
São Paulo – “A guerra às drogas acabou, e as drogas venceram”, afirma o ex-ministro e membro da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) Paulo Vannuchi, ao analisar as ações repressivas da gestão Doria na área conhecida como Cracolândia, na região central da capital paulista. Em comentário na Rádio Brasil Atual, Vannuchi cita dois exemplos de fracasso na batalha contra as drogas ilícitas. Quando fez parte do governo Lula à frente da pasta dos Direitos Humanos, recebeu um representante do governo colombiano que apontou o fortalecimento do narcotráfico como resultado da estratégia da “guerra às drogas”.
Outra questão levantada por Vannuchi é a proibição de álcool, na década de 1920, nos Estados Unidos. “A família Kennedy enriqueceu muito com o mercado ilegal. A proibição não é a solução.”
Ele também afirma que a política adotada pelo prefeito tucano em relação aos usuários não é a solução. “O doutor Drauzio Varella fala que a Cracolândia não é causa, é consequência de uma sociedade pobre. O higienismo é para tirar da vista e enfiá-los em buracos, para quem andar na cidade e não quiser ver a cena desagradável.”
“Você não pode prender o sujeito, mesmo se ele não quiser deixar a droga. Tem que agir com política de redução de danos, igual foi feito na Europa”, acrescenta Vannuchi, citando como exemplo Portugal, que deixou de analisar a questão das drogas como caso de segurança pública e passou a tratar o assunto como problema de saúde.
O ex-ministro diz que o uso das drogas é antigo e relatado mesmo na Bíblia cristã. “As drogas são consumidas milenarmente, associadas até a rituais religiosos e são usadas porque dão prazer, animação para uma pessoa deprimida”, comenta. “A Bíblia fala que o Noé teve um porre de vinho. Álcool não é droga? Ela também mata. O cigarro e o café também podem matar, igual às outras ilegais.”
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Fonte: Rede Brasil Atual