Atlas da Violência aponta que mais de 70% das pessoas assassinadas no País são negras

Segunda-feira, 20 de novembro, é o Dia da Consciência Negra. É uma data para se reafirmar a continuidade e o fortalecimento da luta contra o racismo, num País que ‘aboliu a escravidão’ há mais de 120 anos. Mas mantém índices que revelam que a discriminação racial e o genocídio da população negra, sobretudo jovem, estão longe de estarem abolidos de nossa sociedade.
“A cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras”, aponta o Atlas da Violência 2017. O documento, editado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), mostra, ainda, que “o cidadão negro possui chances 23,5% maiores de sofrer assassinato em relação a cidadãos de outras raças/cores, já descontado o efeito da idade, sexo, escolaridade, estado civil e bairro de residência”.
Para a Fenapsi, os dados ratificam a necessidade de se fortalecer a luta contra o racismo, contra o genocídio da população negra e por mais respeito ao povo negro e à própria história do Brasil, na qual a miscigenação racial dá o tom da constituição social do País.
Dia da Consciência Negra
O Dia da Consciência Negra lembra a data da morte de Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, perseguido e morto em 20 de novembro de 1695. A data foi incluída no calendário escolar nacional em 2003. Em 2011, a Lei 12.519 instituiu oficialmente a data como o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, depois de muita luta, resistência e persistência do povo negro. Entretanto, a data de 20 de novembro é feriado apenas em algumas cidades brasileiras.
Mulheres de luta*

Em um país com alto índice de mortes causadas pelo feminicídio ser mulher é um ato de luta. Ao se levar em conta as mortes motivadas pelo racismo, pode se concluir que ser mulher e negra é também um grande ato de luta. Apesar de o Dia da Consciência Negra ser em lembrança à morte de Zumbi dos Palmares, é importante lembrar as negras que fizeram a luta contra o racismo e à escravidão ao longo da história do Brasil.
É o caso de Dandara dos Palmares. “Uma guerreira negra do período colonial do Brasil, esposa de Zumbi dos Palmares e com ele teve três filhos. Dandara suicidou (jogou-se de uma pedreira ao abismo) depois de presa, em 6 de fevereiro de 1694, para não retornar à condição de escrava”.
A líder quilombola Tereza de Benguela é outra que merece ser lembrada neste 20 de novembro. Ela foi uma líder quilombola que viveu no atual estado de Mato Grosso, no Brasil, durante o século XVIII. Sob sua liderança, a comunidade negra e indígena resistiu à escravidão por duas décadas, sobrevivendo até 1770, quando o quilombo foi destruído pelas forças de Luís Pinto de Sousa Coutinho e a população (79 negros e 30 índios), morta ou aprisionada.
A rainha Tereza comandou a estrutura política, econômica e administrativa do quilombo, mantendo um sistema de defesa com armas trocadas com os brancos ou roubadas das vilas próximas. Os objetos de ferro utilizados contra a comunidade negra que lá se refugiava eram transformados em instrumento de trabalho, visto que dominavam o uso da forja. O Quilombo do Guariterê, além do parlamento e de um conselheiro para a rainha, desenvolvia agricultura de algodão e possuía teares onde se fabricavam tecidos que eram comercializados fora dos quilombos, como também os alimentos excedentes. O dia de 25 de julho é instituído no Brasil pela Lei número 12.987 de 2014 como o Dia Nacional de Teresa de Benguela e da Mulher Negra.
No século XIX, o destaque vai para Luísa Mahin. Também grafada como Luíza Mahin, ela nasceu no início dos anos 1800, foi uma ex-escrava de origem africana, radicada no Brasil. É notada por ter tomado parte na articulação de todas as revoltas e levantes de escravos que sacudiram a Província da Bahia nas primeiras décadas daquele século. Sua origem é incerta, não se sabe se teria nascido na Costa da Mina, na África, ou na Bahia. Membro do povo Mahi, de onde vem seu sobrenome, Luísa Mahin comprou sua alforria em 1812. Livre, tornou-se quituteira em Salvador.
De seu tabuleiro, eram distribuídas as mensagens em árabe, através dos meninos que pretensamente com ela adquiriam quitutes. Desse modo, esteve envolvida na Revolta dos Malês (1835) e na Sabinada (1837-1838).
Em lembrança à luta de Zumbi, Dandara, Tereza e Luiza, a Fenapsi traz o verso de George Najjar Jr., pois a população negra vai passar com a sua cor!
“Tire o seu racismo do caminho, que eu quero passar com a minha cor”.
Psicologia em números* – A maioria das(os) profissionais da Psicologia é composta por mulheres. Segundo dados do CFP, são 253.649 mulheres contra 37.487 homens. Os que não informaram o sexo somam 37.487. No total, são 296.723 profissionais da área. No Brasil, segundo projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para 2017, há 105.189.655 mulheres e 102.471.274 homens. Em 2010, negros e pardos somavam 96.795.294 pessoas no país. Segundo o último censo, 49,5% das mulheres brasileiras se consideram pretas e pardas.
*Com informações de Wikipédia e do CFP.