A Federação Nacional das Psicólogas e dos Psicólogos (Fenapsi) vem, por meio desta nota, manifestar veemente repúdio às declarações irresponsáveis de Jair Bolsonaro em relação ao Programa Mais Médicos. Por conta das declarações do presidente eleito, o Ministério da Saúde Púbica de Cuba anunciou, no dia 14 de novembro, a decisão de não continuar participando do Mais Médicos, o que vai trazer graves prejuízos ao programa.
Bolsonaro, em sua conta no Twitter, declarou que seu governo pretende mudar o projeto, exigindo revalidação de diplomas no Brasil, contratação individual, além de ter questionado a qualificação dos profissionais cubanos.
“Diante desta lamentável realidade, o Ministério da Saúde Pública (Minsap) de Cuba tomou a decisão de não continuar participando do programa ‘Mais Médicos’ e assim o comunicou à diretora da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) e aos líderes políticos brasileiros que fundaram e defenderam esta iniciativa”, anunciou a entidade em comunicado.
A Fenapsi lamenta a decisão do governo de Cuba entendendo o enorme retrocesso que a saída de mais de 8 mil médicos cubanos vai causar na prestação de atendimento à saúde sobretudo da população mais vulnerável, de municípios do interior, de aldeias indígenas já que o programa deve ser paralisado. Atualmente, o Mais Médicos conta com 18.240 vagas, sendo duas mil abertas, sem médicos. Do total das vagas preenchidas, 8.332 são ocupadas por médicos cubanos; 4.525 por brasileiros formados no Brasil; 2.824 brasileiros formados no exterior; e 451 intercambistas (médicos de outras nacionalidades).
Um estudo, desenvolvido por institutos do Brasil, Inglaterra e Estados Unidos, apontou que a paralisação do Mais Médicos deve aumentar a morte precoce no País. “A eventual paralisação do programa Mais Médicos e o congelamento dos gastos federais na atenção básica na saúde no Brasil, com o teto de gastos, podem atingir até 50 mil pessoas que, sem assistência necessária, morreriam precocemente, antes dos 70 anos”, conforme informou a jornalista Mônica Bergamo em sua coluna no jornal Folha de S. Paulo, nesta sexta-feira, 16. A informação sobre o estudo ainda aponta: “A maioria desses óbitos serão nas áreas mais pobres, aquelas que hoje são cobertas pelos doutores cubanos”.
Direção da Fenapsi
Belo Horizonte, 16 de novembro de 2018